O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de João Pessoa recebe, em média, 452 trotes por dia. Em menos de três meses – de janeiro a 21 de março – foram registradas 36.643 ligações desse tipo, o que representa 35% do total que foi 104.694 no período.
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Na maioria das vezes, o trote é reconhecido ainda no processo de atendimento por telefone, casos em que as ambulâncias não são liberadas pela Central de Regulação. Quando o usuário é convincente, o trote só é descoberto quando o veículo chega ao local indicado na ligação. Nesses casos, as ambulâncias acabam sendo ocupadas por cerca de 40 minutos, tempo em que poderiam estar atendendo solicitações reais.
De acordo com a médica e coordenadora geral do SAMU, Érika Rivenna Andrade, realizar trote é coisa muito séria e pode causar mortes. “Em casos de maior urgência, como um ataque cardíaco ou acidente de trânsito grave, segundos podem fazer toda a diferença para salvar a vida do paciente e, quando destinamos uma unidade para realizar um atendimento que é trote, estamos ocupando um serviço que pode deixar de estar atendendo outra pessoa em risco de morte”, alerta.
A coordenadora do SAMU ainda afirma que a maior parte dos trotes é realizada por crianças e adolescentes e para combater a prática pede a ajuda dos pais na conscientização dos filhos, “É muito importante que os pais ou responsáveis estejam atentos aos seus filhos. Conversar e conscientizá-los quanto ao perigo e seriedade da prática de trotes é essencial”, enfatiza.
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Regulação – O Samu atualmente regula ocorrências de 60 municípios paraibanos onde João Pessoa é responsável por cerca de 57% das ocorrências. Para atender à grande João Pessoa, composta por Cabedelo, Santa Rita, Bayeux e Conde, o serviço conta com 4 Unidades de Suporte Avançado (USA), que são destinadas a atendimentos com risco de morte iminente (ferimentos por arma de fogo, acidentes trânsito causados por maiores colisões e outros) e 7 unidades básicas destinadas apenas para a população da capital, para atendimentos de médio porte, ou seja, sem risco eminente de morte.
Cadastro com número de trotes – Com o objetivo de identificar e se prevenir contra os trotes, o Samu elaborou um cadastro com os números que já foram identificados como realizadores de trotes. As ligações para o serviço são cadastradas e se a equipe, ao chegar ao local do atendimento solicitado, identificar tratar-se de um trote, o número registrado entra para essa lista.
Supervalorização de diagnóstico- Outra preocupação do SAMU são as ocorrências de supervalorização do quadro clínico dos pacientes. Segundo, Érika Rivenna, muitas pessoas estão aumentando a gravidade das ocorrências para que sejam atendidas pelo Samu, já que o serviço só pode atender ocorrências de urgência e emergência com risco de morte.
24 horas – O SAMU 192 é um serviço de saúde que trabalha 24 horas por dia, atendendo a população no socorro e encaminhamento às unidades hospitalares de João Pessoa. O serviço tem convênio com a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e participa do resgate da PRF, com um técnico em enfermagem. Esse profissional trabalha em parceria com um patrulheiro rodoviário.
Correio da Paraíba
Foto: Paraíba Geral