E PENSAR QUE TUDO COMEÇOU POR CAUSA DE 20 CENTAVOS… por Fabiana Agra*

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Eu nunca tive dúvidas – desde o já longínquo ano de 2013, quando vi as primeiras manifestações pipocando em várias capitais brasileiras, vi que teríamos menos futebol a partir de então e notei cheiro de História com H maiúsculo no ar. No início, era pelos 20 centavos, aí veio a carona na Copa das Confederações, veio vaia no estádio, aí depois surgiram os black blocs, quando veio a direita e usurpou as manifestações, querendo tomar para si o protagonismo iniciado nas ruas.

Desde aqueles momentos eu já desconfiava: o Brasil jamais seria o mesmo depois daquilo tudo. Não depois da mistura explosiva manifestações + redes sociais. E o tempo mostrou que era assim mesmo – também entrei na vibe e, de lá para cá, através das redes sociais, eu e milhares de companheiros virtuais combatemos um golpe há muito perpetrado pela elite brasileira, que vem sendo capitaneado pela mídia golpista, por setores do judiciário e da PF e por dezenas e mais dezenas de parlamentares.

Mas todo esse caldeirão de misturas que está prestes a explodir em nossas cabeças resume-se a um só jogo: a luta de classes. É que a elite brasileira jamais aceitou as políticas de inclusão realizadas pelo governo do PT e que beneficiaram as camadas mais pobres da população. Parafraseando frase já registrada em nossa história, a casa-grande surtou de vez quando a senzala aprendeu a ler. Assim já era demais! Quem já viu tanto negro nas universidades, essas cotas tomando o que é meu por direito? Não, isso não! Empregada doméstica comprando o mesmo perfume da patroa? Inconcebível, ora pois! E o que dizer do porteiro que agora vive pegando os mesmos voos do dono do triplex? Assim não dá, algo precisa ser feito. E fizeram. E estão tentando de todas as formas imagináveis, finalizar o golpe.

A elite só não contava com o grito das ruas, com o povão que come pão-com-mortadela, fazendo mobilizações espontâneas; a mídia golpista só não esperava pela reação instantânea vinda das redes sociais; Moro e a PF só não esperavam a revolta do povo quando tentaram prender Lula; Mendes e Serra só não contavam com dezenas de estudantes brasileiros sabotando a conferência golpista em Portugal. E, o mais importante vem agora – os parlamentares brasileiros que votarem a favor do golpe não perdem por esperar: levarão, para todo o sempre, gravados em seus nomes, a pecha de GOLPISTAS, pois são o que são.

São dias difíceis, dias de luta. Mas quem disse que precisa ser fácil sonhar e ajudar na construção de um mundo mais igualitário para a nossa gente? Sim, eu tenho um lado e, por ser do povo, por conhecer o meu lugar e por estudar a História diuturnamente, sou contra o golpe que tentarão instalar de forma inexorável no próximo dia 17 de abril. Sim, posso até esquecer o rosto de quem esteve ao meu lado nesses dias de luta, mas jamais, em momento algum, esquecerei um rosto sequer de todos aqueles que defenderam este golpe de agora.

Tudo começou por meros 20 centavos e não sabemos ainda onde tudo vai terminar. Mas uma certeza eu já tenho, independente do resultado dos próximos dias: o povo brasileiro sairá mais forte e mais consciente desse episódio. Finalmente aquele gigante de 2013 acordou e já está de pé, pronto para o que der e vier.
À luta, companheir@s! A vitória é do povo!

* Fabiana Agra é advogada e jornalista.

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