Escutas da Polícia Federal flagram ministro da Justiça chamando líder de quadrilha de “grande chefe”

Osmar CerraglioO presidente da República, Michel Temer (PMDB), ganhou mais um problema para administrar na sua equipe ministerial. O ministro da Justiça, Osmar Serraglio, foi flagrado em escutas telefônicas realizadas pela Polícia Federal com autorização da Justiça conversando com suspeitos de integrar um grupo especializado na venda ilegal de carnes para frigoríficos. As investigações fazem parte da operação Carne Fraca, deflagrada nesta sexta-feira (17). Na escuta, o ministro chama o suposto líder do esquema criminoso de “grande chefe”.

De acordo com a Polícia Federal, estão na mira da operação alguns dos principais frigoríficos do país, a exemplo de BRF, JBS e Seara. A Justiça Federal do Paraná determinou o bloqueio de R$ 1 bilhão das investigadas. Ao todo, estão sendo cumpridos 38 mandados de prisão. O objetivo é desarticular uma suposta organização criminosa liderada por fiscais agropecuários do Ministério da Agricultura, que, com o pagamento de propina, facilitavam a produção de produtos adulterados, emitindo certificados sanitários sem fiscalização.

A Polícia Federal apontou que estavam sendo vendidas até carnes podres, contando com a vista grossa dos fiscais agropecuários. Os produtos eram maquiados com ácido ascórbico, por alguns frigoríficos, e a reembalagem de produtos vencidos. Entre os presos, estão executivos da BRF como Roney Nogueira dos Santos, gerente de relações institucionais e governamentais, e André Baldissera, diretor da BRF para o Centro-Oeste. A lista de alvos da operação inclui ainda funcionários da Seara e do frigorífico Peccin.

Segundo a PF, essa é a maior operação já realizada na história da instituição. Estão sendo mobilizados 1.100 policiais em seis Estados (Paraná, São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Goiás) e no Distrito Federal. Os dados revelados pela Polícia Federal apontam que as empresas tinham o poder até de escolher os servidores que iriam efetuar as fiscalizações, por meio do pagamento de vantagens indevidas. Roney dos Santos, executivo da BRF, tinha acesso inclusive ao login e senha do sistema de processos administrativos do órgão, de uso interno.

Do Jornal da Paraíba

NOTÍCIAS

CONTATO