O deputado federal Marcelo Freixo (PSOL) disse nesta terça-feira (12) que, apesar das duas prisões de suspeitos de matar a vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, o caso “não está resolvido”. Amigo pessoal, ex-chefe e companheiro de partido de Marielle, Freixo questionou: “A mando de quem?”.
“São prisões importantes, são tardias. Dia 14 faz um ano do assassinato da Marielle, é inaceitável que a gente demore um ano para ter alguma resposta. Então, evidente que isso vai ser visto com calma, mas a gente acha um passo decisivo. Mas o caso não está resolvido. Ele tem um primeiro passo de saber quem executou. Mas a gente não aceita a versão de ódio ou de motivação passional dessas pessoas que sequer sabiam quem era Marielle direito”, disse, em entrevista ao G1 e ao Bom Dia Rio.
Policiais da Divisão de Homicídios e promotores do Ministério Público do Rio de Janeiro prenderam o policial militar reformado Ronnie Lessa, 48 anos, e o ex-policial militar Élcio Vieira de Queiroz, de 46 anos. A força-tarefa afirma que eles são os autores dos assassinatos há quase um ano, em 14 de março de 2018.
A investigação aponta que Ronnie fez pesquisas na internet sobre locais que a vereadora frequentava. Os investigadores sabem também que desde outubro de 2017 o policial também pesquisava a vida de Freixo (PSOL).
“Essa pessoa não investigou só Marielle, essa pessoa investigou também a minha vida. A mando de quem? A partir de quando? Com que interesse político ele faz isso? Essa pessoa faz parte de um grupo que todo mundo da área de segurança pública sabe, que é do chamado Escritório do Crime. Porque tem gente que mata a serviço de outros no Rio de Janeiro há anos”, disse o deputado.
Freixo diz que não conhecia os dois suspeitos presos:
“Como eu fiz a CPI da Milícias em 2008, eu convivo lamentavelmente com essa situação de ameaça há dez anos. Não era o caso de Marielle. Ela não tinha carro blindado, ela não tinha esse esquema de proteção porque ela nunca recebeu nenhuma ameaça. Marielle não estava à frente de nenhuma ação direta que pudesse gerar suspeitas de que isso acontecesse com ela. A própria família sabe disso. Surpreendeu a todos essa ação contra Marielle. Por isso que a gente precisa saber quem mandou esses dois assassinos, esses dois covardes, fazerem isso. Qual foi a motivação política? Quem em pleno século 21 no Rio de Janeiro é capaz de politicamente fazer uma coisa como essa? Isso é muito inaceitável, isso é um crime contra a democracia.”
Segundo as investigações, Ronnie fez os disparos contra a vereadora e Élcio dirigiu o carro usado para levar o executor. Ronnie estaria no banco de trás do Cobalt.
“É muito grave o que fizeram com a segurança pública do Rio de Janeiro para chegar a esse ponto. Agora, o mais importante é saber quem mandou matar. Quem matou não foi só quem apertou o gatilho. Quem matou é quem mandou matar. Qual é a motivação política? Que interesse existia para matar Marielle? É isso que a gente tem de exigir agora”, acrescentou Freixo.
O policial reformado foi levado para a Divisão de Homicídios do Rio por volta das 4h30. A investigação ainda tenta esclarecer, no entanto, quem foram os mandantes do crime e a motivação.
De acordo com os promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, o crime foi meticulosamente planejado durante três meses.
Além das prisões, a operação realiza mandados de busca e apreensão contra os denunciados para apreender documentos, telefones celulares, notebooks, computadores, armas, acessórios, munição e outros objetos. Durante todo o dia, haverá buscas em 34 endereços de outros suspeitos.