Dallagnol sabia que Onyx estava envolvido em corrupção mas afirmou “fingir que não sabia”

Rio de Janeiro - Procurador do Ministerio Publico Federal e coordenador da forca tarefa da Operacao Lava Jato, Deltan Dallagnol, fala no Congresso da Associacao Brasileira de Private Equity & Venture Capital (Fernando Frazao/Agencia Brasil) (
Rio de Janeiro – Procurador do Ministerio Publico Federal e coordenador da forca tarefa da Operacao Lava Jato, Deltan Dallagnol, fala no Congresso da Associacao Brasileira de Private Equity & Venture Capital (Fernando Frazao/Agencia Brasil) (

Deltan Dallagnol confessou que já sabia que Onyx Lorenzoni, ministro da Casa Civil de Bolsonaro, estava envolvido em corrupção. Mesmo assim, fez vista grossa e manteve o trabalho conjunto com o então deputado gaúcho, principalmente no documento “10 Medidas Contra a Corrupção”.Ele chegou a escrever num tweet que “tinha que fingir que não sabia” do envolvimento de Lorenzoni com corrupção. As novas revelações fazem parte da Vaza Jato e foram divulgadas no começoa da tarde desta segunda pelo Intercept.

“Não (sou); o candidato presidencial em 2022, acho muito prematuro nós falarmos isso, mas o candidato do governo federal, se ele assim quiser, vai ser o presidente Jair Bolsonaro”, disse Moro em seu gabinete no ministério.

“Eu particularmente não tenho um perfil político-partidário, me vejo mais como um técnico dentro do ministério com essa missão específica”, acrescento.

Há dois meses, Moro —o ex-juiz da Lava Jato tratado no início do governo como um dos superministros de Bolsonaro— está sob intensa pressão após publicação de reportagens do site The Intercept Brasil revelar conversas por aplicativos de mensagens atribuídas a ele e a procuradores da operação em que o então magistrado teria orientado a atuação do Ministério Público Federal no caso.

Moro disse que há uma violação criminosa de mensagens, que ele não reconhece a autenticidade e avaliou não ter visto, do divulgado, “nada de anormal”.

“O que existe ali é um sensacionalismo exacerbado com o objetivo ali de anular condenações criminais”, disse, ao emendar. “Diria em geral anulação de condenações criminais e obstaculizar novas investigações e o do ex-presidente (Lula) é um caso mais em foco”, completou.

Para o ministro, o apoio às medidas na área de segurança pública do governo é grande e, em relação ao nome dele, não houve “um abalo de credibilidade” por essas questões.

“Não estou no governo para disputar concurso de popularidade ou para preocupar com minha imagem. Estou no governo para defender boas ações”, destacou.

Novos trechos de mensagens da Vaza Jato, divulgados pelo The Intercept no começo da tarde desta segunda-feira, revelam que o procurador chefe da força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol, já sabia que o então deputado Onyx Lorenzoni, atual chefe da Casa Civil de Bolsonaro, estava envolvido em esquemas de corrupção, mas fechou os olhos para levar a cabo a sua cruzada no suposto “combate à corrupção”.

Em conversa num grupo de procuradores, Deltan é indagado por Fábio Oliveira: “Vc viu que saiu o nome do Onyx na lista do Fachin hj?”. Ele se refere à decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, que em 4 de dezembro, atendeu pedido feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e determinou a abertura de uma petição autônoma específica para analisar as acusações de caixa dois feitas por delatores da JBS ao na época futuro ministro da Casa Civil.

“Vi… (já sabia, mas tinha que fingir que não sabia, o que foi, na verdade, bom…rsrsrs)”, respondeu Dallagnol. “Não que não quisesse falar, mas se falasse seira até crime rs”, completou.

O procurador admite que seguia trabalhando com Onyx, que era o lobista das 10 Medidas Contra a Corrupção, projeto que criado pela Lava Jatos, mesmo após descobrir denúncias de corrupção.

Onyx é foi “perdoado” por Sergio Moro apenas porque admitiu que errou e pediu desculpas, segundo o próprio ex-juiz e hoje ministro da Justiça.

“Eu já me manifestei anteriormente. É uma questão de Onyx. O que vejo é um grande esforço [do ministro Onyx] para a aprovação das 10 medidas do Ministério Público, razão pela qual foi abandonado por grande parte de seus pares. Ele tem minha confiança pessoal”, disse Moro em dezembro de 2018.

FONTE: BRASIL247

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