Bolsonaro volta a insistir sobre o afastamento do diretor-geral da PF com Moro

Moro x BolsonaroO dia em Brasília foi marcado por tensão e incerteza no Ministério da Justiça e Segurança Pública, em meio à pandemia do coronavírus. O presidente Jair Bolsonaro voltou a insistir com o ministro Sergio Moro sobre o afastamento do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo.

O presidente Bolsonaro chamou o ministro para comunicar a sua intenção, numa reunião no Planalto, a portas fechadas. O diretor-geral da Polícia Federal é uma escolha pessoal de Moro, tem a confiança dele. Segundos fontes , Moro resistiu e defendeu fortemente a permanência de Valeixo.

Ministros na área militar conversaram com Moro e passaram o dia tentando reduzir a tensão. Internamente, a preocupação é que a saída de Valeixo possa dar a impressão de que o presidente deseja interferir na Polícia Federal.

Outros episódios envolvendo a cúpula da Polícia Federal já geraram mal estar entre o presidente e o ministro Moro. Ano passado, Bolsonaro chegou a anunciar a troca no comando da Superintendência da PF no Rio e ameaçou trocar Maurício Valeixo. A Polícia Federal resistiu à interferência e colocou no Rio um nome escolhido internamente.

Em outro momento, depois de Moro tentar mudar decisão do Supremo Tribunal Federal que restringiu compartilhamento de dados do antigo Coaf com a polícia e o Ministério Público, Bolsonaro se irritou com o ministro. A decisão suspendeu parte das investigações contra o filho de Bolsonaro, o senador Flávio, investigado por suspeita do esquema de rachadinha.

Em janeiro deste ano, em uma reunião com secretários estaduais de segurança, Bolsonaro admitiu que poderia pensar em tirar a área de segurança pública do ministério, mas diante da reclamação de Moro, voltou atrás.

Ministros da cúpula militar ouvidos pelo Jornal Nacional disseram que Moro estaria irredutível quanto à autonomia à frente da Polícia Federal, prometida antes dele assumir o cargo. O clima ainda é de tensão e não há nenhum desfecho certo para o mal estar desta quinta. Oficialmente, o esforço é para afastar qualquer suspeita.

Durante a entrevista sobre a pandemia do coronavírus, no Palácio do Planalto, o ministro Braga Netto foi questionado a respeito da permanência de Moro no governo: “A pergunta sua é por conta dessas notícias que estão correndo. Vou te responder simplesmente o seguinte: a assessoria do ministro Moro já desmentiu a saída dele agora do governo. Tá? Já tá publicada essa informação”, afirmou.

A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal e a Federação Nacional dos Delegados de Polícia Federal divulgaram uma nota em defesa da autonomia da instituição. Segundo o documento, especulações sobre a troca do comando prejudicam a estabilidade e a governança da Polícia Federal e colocam em risco a credibilidade na lisura dos trabalhos da instituição.

Os delegados dizem ainda que o problema não está nos nomes, mas na absoluta falta de previsibilidade na gestão. Segundo eles, nos últimos três anos, a Polícia Federal teve três diretores-gerais e, a cada troca ou menção de substituição, uma crise institucional é instalada.

A nota termina com um apelo para que o Congresso e as autoridades aprovem projeto garantindo a autonomia da Polícia Federal, com mandato para o diretor-geral. O que, segundo os delegados, é fundamental para proteger a PF de turbulências e para garantir a continuidade dos trabalhos.

FONTE: JORNAL NACIONAL

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