Cientistas de Hong Kong anunciaram, nesta segunda-feira (24), a primeira confirmação de um caso de reinfecção pela Covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus (Sars-CoV-2). A pesquisa com a descoberta foi validada e publicada no “Clinical Infectious Diseases”, da editora da Universidade de Oxford, no Reino Unido.
O paciente, um homem de 33 anos, se infectou com o vírus pela segunda vez depois de viajar à Espanha. Na primeira vez, teve apenas sintomas leves. Na segunda, não apresentou sintomas.
Nesta reportagem, você vai entender, em perguntas e respostas, o que se sabe sobre o caso, o que ele significa e quais são as implicações para uma vacina:
- Esse é o primeiro caso confirmado de reinfecção?
- Por que é difícil confirmar casos suspeitos de mais de uma infecção?
- Qual a importância da confirmação?
- Vamos chegar à imunidade de rebanho?
- Todo mundo que já teve Covid vai ter de novo?
- Ter anticorpos garante imunidade?
- A vacina vai funcionar?
1. Esse é o primeiro caso confirmado de reinfecção?
Até onde se sabe, sim. A reinfecção pode ser difícil de confirmar, mas, desta vez, os pesquisadores afirmam ter certeza porque o vírus que infectou o paciente é diferente do primeiro. Eles descobriram isso com um sequenciamento genético do vírus, que permitiu determinar que a origem do segundo vírus era diferente do da primeira infecção.
“Nossos resultados provam que a segunda infecção é causada por um novo vírus, que ele adquiriu recentemente, em vez de uma disseminação viral prolongada”, afirmou Kelvin Kai-Wang To, microbiologista clínico da Universidade de Hong Kong.
Segundo os cientistas de Hong Kong, a segunda “versão” do vírus é mais próxima à que circulou na Europa entre julho e agosto (o paciente havia voltado de uma viagem à Espanha). Já o primeiro vírus era semelhante aos que circularam em março e abril.
2. Por que é difícil confirmar casos suspeitos de mais de uma infecção?
Uma das dificuldades em descobrir se a pessoa pegou mesmo o coronavírus de novo é saber se o vírus que aparece na segunda vez é o mesmo da primeira. Ele pode ser o mesmo e só estar aparecendo de novo nos testes, mesmo que tenha eventuais mutações.
Isso porque a pessoa pode ficar com o vírus no corpo, escondido e mudando, mesmo depois que o rastro dele não aparece mais nos exames, explica a cientista Ester Sabino, da Faculdade de Medicina da USP, que fez parte da equipe que sequenciou o genoma do coronavírus no Brasil.
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