Em cinco meses PB notifica 371 casos de microcefalia; 2,2% do total de nascidos no período

ultrassom-morfo-2t microcefaliaO número de casos de microcefalia registrados na Paraíba entre agosto e o dia 12 de dezembro correspondem a 2,2% dos nascimentos neste período do ano. Conforme levantamento da Secretaria de Estado da Saúda da Paraíba (SES), entre 1º de agosto a 12 de dezembro de 2015, nasceram 16.821 bebês enquanto no mesmo espaço de tempo foram notificados 371 casos de microcefalia, dos quais haviam sido confirmados.

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No último dia 22, a Secretaria de Estado de Saúde atualizou para 425 o número de notificações de microcefalia no estado. Os 54 casos a mais que o total registrado até o dia 12, foram registrados entre essa data e o dia 19. No entando, o número total de nascidos vivos entre os dias 12 e 19 não foi divulgado.

Embora o percentual de casos de microcefalia ainda seja pequeno, o número é bem superior aos dados do ano anterior. Em todo os meses de 2014, foram registrados 57.525 nascimentos e apenas cinco casos notificados de microcefalia, de acordo com dados da própria SES. Percentualmente, os casos notificados de microcefalia corresponderam a 0,008% de bebês nascidos no ano de 2014.

Por isso, a SES recomenda que as grávidas continuem seguindo as indicações do Ministério da Saúde. É necesário continuar adotando medidas que possam reduzir a presença de mosquitos transmissores de doenças, com a eliminação de criadouros (retirada de recipientes que tenham água parada e cobertura adequada de locais de armazenamento de água) e a utilização de calça e camisa de manga comprida e aplicação de repelentes indicados para gestantes. A manutenção de portas e janelas fechadas ou com telas também faz parte das recomendações.

A Paraíba é o segundo estado com maior número de casos notificados no país, sendo que Pernambuco registrou 646 casos. Em todo o país são 1.248 em 311 cidades de 13 estados e no Distrito Federal e seis casos suspeitos de mortes de crianças por microcefalia estão sendo investigados. No dia 28 de novembro, o Ministério da Saúde confirmou que o zika vírus é o responsável pelo surto de microcefalia. 

Número de casos
De acordo com o diretor geral do Hospital Arlinda Marques e integrante da comissão de investigação da microcefalia, Bruno Souza, as forças da Saúde estadual estão voltadas para diagnosticar o problema. “O profissional de saúde é orientado a notificar e, posteriormente, no centro de referência, é feito o diagnóstico para a confirmação ou exclusão do caso com base nos exames realizados”, relatou. Ele também explicou que está sendo feita uma busca retrospectiva dos casos, a partir de agosto de 2015.

Além do perímetro cefálico diminuído, os bebês com microcefalia têm alterações no sistema nervoso central de uma forma difusa, a exemplo de calcificações cerebrais, lisencefalia – quando o cérebro é todo liso -, e hipogenesia – ou seja, desenvolvimento deficiente – de algumas estruturas cerebrais.

“A depender do nível de alteração cerebral que aconteça na criança, as sequelas vão ser mais ou menos graves. Algumas, infelizmente, vão ser incompatíveis com a vida, se faltarem estruturas como o bulbo, que é responsável pelo centro da respiração e do coração. Mas em outros casos, as crianças vão ter um grande potencial, principalmente se elas forem acompanhadas com fonoaudiologia, fisioterapia e terapia ocupacional e outras estruturas multidisciplinares”, relatou.

Mudança no protocolo
Desde o dia 8, o protocolo de notificação de casos de microcefalia mudou. Inicialmente, as crianças com 33 cm ou menos de perímetro cefálico (PC) eram notificadas como suspeita de microcefalia. Porém, esse número foi corrigido por sugestão do Ministério da Saúde junto à Organização Mundial da Saúde (OMS) para 32 cm ou menos.

“Crianças com 33 cm ainda são consideradas como perímetro cefálico normal. Esse um centímetro realmente faz diferença porque agora se adequa muito mais à realidade. Mas é bom lembrar que, mesmo crianças com 32 cm, algumas não vão ter nenhum tipo de alteração no sistema nervoso central e não vão ter microcefalia propriamente dita”, esclareceu Bruno Leandro de Souza.

Souza ainda enfatizou que a mudança no protocolo não vai prejudicar a notificação e que os casos de crianças com 33 cm que já foram notificadas como suspeitos vão seguir sendo investigados. “Não há registro de crianças com 33 cm de perímetro cefálico com microcefalia. Essa notificação causava até dilemas éticos, porque crianças normais estavam sendo investigadas e isso é ruim para a própria família”, comentou.

A partir da publicação do protocolo, as vigilâncias dos estados e municípios também devem realizar a detecção de casos de gestante com possível infecção pelo vírus zika durante a gestação; feto com alterações do Sistema Nervoso Central (SNC) possivelmente relacionada à infecção pelo vírus zika durante a gestação; aborto espontâneo decorrente de possível associação com infecção pelo vírus zika, durante a gestação; natimorto decorrente de possível infecção pelo vírus zika durante a gestação; e recém-nascido vivo (RNV) com microcefalia possivelmente associada à infecção pelo vírus zika, durante a gestação.

G1
Foto: Reprodução da Internet

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