Entidades de imprensa reagem a declarações de Bolsonaro sobre Greenwald: ‘Talvez ele pegue uma cana aqui no Brasil’

bolsonaro-moro-glen-greenwaldO presidente Jair Bolsonaro foi perguntado sobre a portaria que permite a proibição de entrada no país e a deportação sumária de estrangeiros suspeitos de crimes graves.

A resposta do presidente causou indignação em entidades que representam os jornalistas. Bolsonaro disse que o caso do jornalista Glenn Greenwald – que publicou as mensagens – não se encaixa nessa portaria, mas que ele pode ser preso no Brasil

“Pena que, quando o Moro falou comigo, e ele tem carta branca, eu teria feito um decreto, ou até uma medida provisória. Tem que mandar para fora. Quem não presta tem que mandar embora. Não tem nada a ver com o caso esse Glenn não sei o que, não tem nada a ver com o caso dele. Tanto é que não se encaixa na portaria o crime que ele está cometendo. Até porque ele é casado com outro homem e tem meninos adotados no Brasil, está certo? Malandro, malandro, para evitar um problema desse, casa com outro malandro ou não casa ou adota criança no Brasil. É esse o problema que nós temos. Ele não vai embora, o Green pode ficar tranquilo. Talvez ele pegue uma cana aqui no Brasil, não vai pegar lá fora não”.

O jornalista Glenn Greenwald criticou numa rede social o presidente Bolsonaro por insinuar que ele se casou com o hoje deputado do PSOL David Miranda e adotou dois filhos brasileiros, com o objetivo de evitar a lei de deportação. O jornalista chamou atenção para o fato de ter se casado há 14 anos, quando era advogado, antes, portanto, de se tornar jornalista.

E disse que o presidente acha que ele tem o poder de prever o futuro, referindo-se às matérias que o site The Intercept, do qual é editor, passou a publicar em 9 de junho com diálogos atribuídos ao então juiz Sergio Moro e a procuradores da Lava Jato.

Greenwald afirmou: “Ao contrário dos desejos de Bolsonaro, ele não é (ainda) um ditador” e que ele não tem o poder de prender pessoas porque ainda existem tribunais em funcionamento. E que, para prender alguém, tem que apresentar provas para um tribunal. “Essa evidência não existe”, disse o jornalista.

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) publicou em rede social que “ao ameaçar de prisão um jornalista que publica informações que o desagradam, o presidente Bolsonaro promove e instiga graves agressões à liberdade de expressão. Sem jornalismo livre, as outras liberdades também morrerão”. A Abraji encerra pedindo o fim do que chama de perseguição ao jornalismo.

A Associação Brasileira de Imprensa escreveu que a ameaça de Bolsonaro a Greenwald nada mais é do que uma tentativa de intimidar um jornalista independente e uma ameaça à liberdade de imprensa. Greenwald já declarou que Bolsonaro não é um ditador. A ABI endossa essa declaração porque ela “sempre esteve na trincheira em defesa da liberdade de expressão”.

FONTE: JORNAL NACIONAL

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