A ‘Operação Sete Chaves’, que investiga um esquema de contrabando da Turmalina Paraíba, deflagrada em (27/05) pela Polícia Federal, ganhou destaque em rede nacional, como uma das principais matérias no programa dominical Fantástico (Rede Globo), exibido na noite deste domingo (07/06).
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A reportagem trata o tema como “o esquema criminoso que contrabandeia pedras preciosas do Brasil para joalherias de todo o mundo”.
Segundo a matéria, o esquema de contrabando das pedras preciosas pode inclusive ter sido utilizado para financiar o grupo criminoso ‘al qaeda’.
O cidadão afegão identificado como Zaheer Azizi, que é proprietário de uma rede de joalherias que comercializava as pedras contrabandeadas em Bancoc, na Tailândia, era um dos financiadores da extração da pedra e teve mandado de prisão expedido.
A Polícia Federal Brasileira, o FBI (Polícia Federal americana) e a Interpol investigam o esquema que tem ramificações em todo o mundo e as suas conexões com o terrorismo internacional.
Segundo o Ministério Público Federal, os primeiros indícios de lavra ilegal na área da empresa Parazul Mineração Comércio e Exploração Ltda surgiram ainda em 2010, a partir da coleta de informações e verificações “in loco” realizadas por agentes federais. Conforme relatório de investigação da Polícia Federal, os sócios formais da empresa, Ranieri Addario e Ubiratan Batista de Almeida, associaram-se informalmente a Sebastião Lourenço Ferreira, João Salvador Martins Vieira e ao afegão Zaheer Azizi para explorar e comercializar irregularmente a turmalina paraíba.
O papel de cada um dos investigados na operação
Confira o papel de cada um dos investigados na organização criminosa, conforme apurado durante a primeira fase da Operação Sete Chaves:
Sebastião Lourenço Ferreira: diálogos interceptados entre Sebastião Lourenço e Rômulo Pinto, revelam haver uma relação de subordinação do segundo para com o primeiro, mostrando que não há dúvidas sobre a efetiva administração da empresa Mineração Terra Branca por parte de Sebastião Lourenço. Diversas outras provas colhidas demonstram que os sócios formais da empresa atuam sob o comando de Sebastião.
Rômulo Pinto: apesar de ser formalmente o sócio majoritário da Mineração Terra Branca, é, na realidade, uma espécie de “gerente” da empresa. Cunhado de Sebastião Lourenço e depositário de sua confiança, cabe a Rômulo fiscalizar os garimpeiros dentro da lavra e repassar para Sebastião todas as informações sobre a exploração das gemas.
Ranieri Addario: sócio formal da empresa Parazul, juntamente com Ubiratan Almeida, associou-se informalmente a Sebastião Lourenço para explorar de forma ilegal a turmalina paraíba. Interceptação telefônica revelou que Ranieri vendeu a Sebastião, por um milhão de reais, percentual de sua participação na Parazul. Parte do pagamento foi realizado em dinheiro (R$ 600 mil) e outra em carros de luxo (R$ 400 mil).
Ubiratan Batista de Almeida: sócio majoritário da empresa Parazul, foi casado com uma das filhas de Heitor Dimas, tido como descobridor da turmalina paraíba, mérito que Ubiratan afirma ser seu. Considerado o principal executor do esquema de extração ilegal das turmalinas, tem plena ciência das irregularidades que envolvem a extração ilegal da pedra preciosa pela Parazul e mantém nítida relação comercial com Sebastião Lourenço, escoando a produção da Parazul para a empresa Terra Branca para “legalizar” a produção. Em diálogo interceptado, Ubiratan confirma que a Parazul está “produzindo”, termo usado para afirmar que há extração efetiva de turmalina paraíba. Em determinado momento, Ubiratan afirma que “há sócio demais querendo entrar no negócio a ponto dele ter que escolher quem vai entrar na sociedade”. As investigações ainda revelam que Ubiratan representa comerciantes da região de Governador Valadares e também do exterior. Conforme o conjunto de provas já coletadas, Ubiratan Almeida pode ser processado por usurpação de matéria prima da União, exploração de minério sem licença ambiental, organização criminosa com tentáculos internacionais, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e corrupção.
João Salvador Martins Vieira: preso na noite da terça-feira, 26 de maio de 2015, quando se preparava para sair do país com um carregamento de pedras preciosas, desempenha importante papel na análise, lapidação e comércio das gemas no exterior. Juntamente com Zaheer Azizi, comanda a venda no mercado asiático das turmalinas paraíba. João Salvador mantém um escritório de sua empresa, a JS Gems, em Hong Kong, conforme revelado em ligações telefônicas interceptadas, sendo constantes os eventos em que atua tendo como principal produto de exposição a turmalina paraíba.
Aldo Medeiros Filho: ex-professor de inglês e representante de Zaheer Azizi no Brasil, Aldo Medeiros, tem participação efetiva na empresa Mineração Terra Branca e é “testa de ferro” de Azizi, fato comprovado nas ligações telefônicas interceptadas. As conversas revelaram que Aldo é o responsável por representar a empresa em visitas a órgãos públicos e providenciar documentações para o seu funcionamento.
Ananda Lourenço: filha de Sebastião Lourenço, exerce papel de destaque na administração dos negócios escusos e sempre é consultada para as decisões mais importantes. Interceptação de conversa entre Ananda e Sebastião mostra que ela toma a frente na resolução de quaisquer problemas do grupo. Troca de e-mails entre secretária de Zaheer Azizi e Ananda Lourenço, também revelou que a filha de Sebastião é responsável pela contabilidade do comércio ilegal e atua nas negociações internacionais. Ela ainda foi identificada por agentes do FBI, representando empresas da organização criminosa durante a exposição Gem & Jewerly Exchange, em Tucson (EUA).
Zaheer Azizi: de nacionalidade afegã, aparece como um dos sócios ocultos da empresa Mineração Terra Branca, juntamente com Sebastião Lourenço e João Salvador. Tentáculo da organização criminosa na Ásia, mais precisamente na Tailândia, é o principal responsável pela comercialização, no exterior, das turmalinas Paraíba oriundas da Parazul. Segundo informações apresentadas por embaixadas brasileiras no exterior, pesariam, ainda, sobre Zaheer Azizi e seus familiares, fundadas suspeitas da prática de vários crimes. Mais informações levantadas no curso da Operação Sete Chaves, revelam que Azizi também seria responsável pelas empresas Azizi Trading Corporations, situada em Peshawar, Paquistão; Hamid Azizi Construction, em Kabul, Afeganistão, Azuga Mining Company, na Nigéria, e Azizi Enterprises, no Tajiquistão.
Da redação Paraíba Geral com Rede Globo e MPF
Foto: Reprodução da Internet